by Ana Lumn
O projeto do Harry Potter foi daqueles que à partida nos parecem muito simples e conforme vamos avançando os obstáculos vão aparecendo. Calculo que me tenha sido atribuído por dois motivos: primeiro, sou uma grande fã; segundo, a minha formação passa pela construção e produção de espetáculos. Juntamos o melhor dos dois mundos e o resultado foram 11 meses de desenho e construção de toda a animação de um evento de passagem de ano.
foto dos ensaios pelo olhar de Pedro Moscovo
O processo começou da forma mais simples. Primeiro dedicámo-nos a perceber quais as necessidades de uma festividade como a noite de passagem de ano e do espaço em si. Tínhamos como premissa um espetáculo de 20 minutos entre pratos no salão de refeição. Tudo o resto competia-nos decidir. Comecei por desenhar o espetáculo. Para o tempo estipulado assumi que faríamos entre 6 a 10 cenas (números) consoante a escolha das músicas. Desde início sabia que queria certas atuações circenses envolvidas e que as tinha de alocar a uma certa parte da narrativa do Harry Potter.
Comecei por fazer associações básicas: o número de lira representaria a Hedwig (coruja do Harry) num poleiro, o número de trapézio seria um momento do Harry em cima da vassoura, o número de malabares teria a ver com a animação dos jogos de Quidditch (desporto dos feiticeiros) e o número de bola de contacto seria a interpretação das profecias do filme. Claro que outras coisas tinha como certas: uma batalha final entre Harry Potter e Voldemort aconteceria com um pequeno espetáculo de fogo. A partir daqui procurei preencher lacunas. Queria um pedaço da história de cada livro e acabei por atribuir cada cena (cronologicamente) aos 7 livros. Claro que foram surgindo obstáculos… Um espetáculo que seria feito à base de números aéreos acabou, perto da data, por ser transformado em tudo menos isso. Surgiu um problema de segurança do espaço e tivemos de abdicar destes números. O processo de criação depende sempre da capacidade de reinvenção e da procura de soluções. Foi isso que fizemos. Recomeçámos o processo.
foto dos ensaios pelo olhar de Pedro Moscovo
Desde início sabia que queria usar a banda sonora dos filmes. Soube sempre que seria a maneira mais simples do público se identificar e se relacionar com o imaginário do espetáculo. Tudo o resto foi-se complementando… Os obstáculos que foram surgindo talvez nos tenham ajudado a criar um espetáculo mais teatral e menos circense e isso também foi bom para fugirmos ao facto de estarmos a trabalhar com um mundo de magia. A história precisava de ser contada e o circo só por si não a conseguiria contar.
Quanto ao resto do evento decidimos que aplicaríamos momentos que não eram usados no espetáculo mas que eram de igual importância. Na receção dos convidados criamos uma estação de “entrada no mundo de Hogwarts” onde tínhamos três alunos vestidos a rigor com varinhas, ratos, caldeirões a borbulhar… Garantindo que captávamos desde logo o interesse do público mais novo. Nunca houve dúvida que seria um projecto complexo; também nunca duvidámos que com o empenho e a dedicação de toda a equipa conseguiríamos fazê-lo como fazemos tudo: juntos!
Vejam agora como o Pedro Moscovo contou este evento através do seu vídeo:
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